Ocorrência de “comer transtornado” em veganos é menor que entre seguidores de outras dietas
A ocorrência de “comer transtornado”, isto é, motivado por ideias disfuncionais sobre alimentação e corpo, é dez vezes menor entre pessoas que seguem dietas veganas do que entre os seguidores de outros tipos de dieta, revela pesquisa da USP. O trabalho, feito com pessoas adeptas desse tipo de alimentação, sugere que a possível causa do comer transtornado – que é um fator de risco para o desenvolvimento de um transtorno alimentar – não é o veganismo em si, mas sim os motivos que levam às escolhas alimentares e a realização de mudanças, processo similar ao observado em outras dietas. Os resultados do estudo foram publicados no Journal of American Association of Medicine Network Open (JAMA), nos Estados Unidos.
“O objetivo era identificar a prevalência de comer transtornado e os determinantes das escolhas alimentares, e investigar possíveis associações entre eles em pessoas que seguem uma dieta vegana”, explica ao Jornal da USP o professor Hamilton Roschel, coordenador da pesquisa. “É importante esclarecer o que se entende por ‘comer transtornado’ e ‘determinantes das escolhas alimentares’. O primeiro conceito é entendido como comportamentos, pensamentos e sentimentos disfuncionais em relação à alimentação e ao corpo que estão relacionados à vontade de controlar o peso ou forma corporal. O segundo conceito refere-se ao porquê da pessoa comer o que come.”
A pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina (FMUSP) e Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP avaliou 971 adultos de ambos os sexos que seguiam uma dieta vegana por, pelo menos, seis meses, moravam no Brasil e tinham acesso à internet. “Os participantes responderam a um questionário online com informações demográficas e socioeconômicas, como renda e nível de escolaridade; antropométricas, entre elas peso e altura; e sobre estilo de vida, por exemplo, fumo e atividade física”, descreve o professor. “Além disso, foram utilizados dois questionários padronizados acerca do comer transtornado, o Disordered Eating Attitude Scale, e dos determinantes das escolhas alimentares, o The Eating Motivation Survey.”






